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Eu me lembro a última vez que desisti silenciosamente! Era véspera de feriado, em um meio de semana e eu estava trabalhando até às 20h00 da noite. Me lembro de uma mensagem importante para o meu superior e que foi recebida com xingamento, isso mesmo! Fui indiretamente chingada por estar “incomodando” naquele horário. Naquele momento, colocando na balança, eu resolvi desistir silenciosamente… não demorou eu pedi pra sair, eu era cara demais para fazer um trabalho “meia boca”.

Vamos falar da “quiet quitting”? Primeiro ponto, não gostei dessa tradução da demissão silenciosa. Faz mais sentido para mim a desistência silenciosa, ela é muito mais sutíl e dá p/ entender muito mais quando nós tivemos esse tipo de sensação ou comportamento. Apesar do alarde que esse termo ganhou nas últimas semanas, o termo não é novo, pelo contrário… a desistência silenciosa é um termo originalmente cunhado em um simpósio de economia da Texas A&M sobre ambições decrescentes na Venezuela em 17 de setembro de 2009 pelo economista Mark Boldger e um termo frequentemente usado pelos autores de best-sellers Nick Adams e pelo economista Thomas Sowell (Wikipedia) O termo ganhou popularidade global no Tiktok, repercutindo na força de trabalho mais jovem e o principal aviso é: o seu trabalho não é sua vida.

@zaidleppelin On quiet quitting #workreform♬ original sound – ruby

Desistência silenciosa é deixar o trabalho em silêncio. É uma mentalidade de não trabalhar além das expectativas ou demandas de um trabalho, o que significa que você está apenas fazendo o que é exigido de você no trabalho, sem ir além. O fenômeno da desistência silenciosa é essencialmente a mentalidade oposta da “Cultura Hustle”, onde a carreira vem em primeiro lugar, e todo o resto, incluindo saúde, família e amigos, é uma reflexão tardia.

Ao contrário da narrativa da grande mídia, deixar um emprego em silêncio não significa que você está fazendo o mínimo para não ser demitido. Isso significa que você está fazendo seu trabalho de acordo com a descrição do seu trabalho, mas não mais. O fenômeno da desistência silenciosa é essencialmente a mentalidade oposta da “Cultura Hustle”, onde a carreira vem em primeiro lugar, e todo o resto, incluindo saúde, família e amigos, é uma reflexão tardia.

Existem alguns princípios de desistência silenciosa que qualquer colaborador pode seguir:

    • Não trabalhar estando doente
    • Não trabalhar além do seu turno programado
    • Não trabalhar aos finais de semana e feriados
    • Ignorar chamadas/e-mails de trabalho durante seu tempo livre
    • Recusar deveres/responsabilidades pelos quais você não está sendo pago
    • Não ignorar sua família e vida pessoal por causa do trabalho

Mas isso é o básico né? Isso não é desistir, é ter o mínimo possível de sanidade mental. Por isso, essa filosofia, assim como tantas outras, vem para nós novamente como um alerta de equilíbrio entre vida e trabalho.

Tudo começou na China…

A filosofia de desistência silenciosa na verdade vem da China. Originalmente chamado de tang ping (deitado no chão), o movimento começou em 2021, quando a força de trabalho mais jovem decidiu lutar contra a noção existente de longas horas de trabalho.

O movimento ganhou tal impulso que o governo chinês tomou conhecimento e teve que lançar suas próprias contramedidas.

Uma evolução da “Great Resignation”

Em 2021 vimos no EUA o movimento da Grande resignação, em que os trabalhadores deixaram seus empregos em favor do bem-estar pessoal e saúde mental. Mas muitos se arrependeram deste movimento, o que leva a indicar uma inovação: uma versão mais inteligente e atualizada da Great resignation onde não é necessário deixar o emprego, mas apenas fazer o que é pago, nada mais, nada menos.

Para muitos, pode parecer sabotagem a um sistema, ao líder que não evolui… mas o que precisamos observar é a mensagem que todos dão. Ir contra essa corrente é perder uma incrível oportunidade de criar ambientes organizacionais com mais significado e valoroso para os humanos. Já falamos aqui no Deisgn centrado no planeta… vai lá dar uma lida.

Em 2021 vimos a onda da Grande resignação, logo depois veio as notícias de arrependimento por pedir demissão e agora temos mais uma oportunidade de olhar a desistência (ou demissão) silenciosa como um sinal de que queremos equilíbrio entre vida e trabalho. Ir contra os sinais é abandonar as oportunidades de futuros possíveis, saudáveis, com significado e valoroso para os humanos

A filosofia de demissão silenciosa ressoa com a força de trabalho mais jovem, que consiste em Millenials e Geração Z que valorizam seu tempo acima de tudo.

 
Será que você deve desistir silenciosamente?

Aqui é importante ressaltar… nem todo mundo tem a oportunidade de desistir silenciosamente. O sistema ainda é muito forte, a insegurança psicológica predomina em muitos dos ambientes organizacionais e, por isso, falar de desistência silenciosa ainda me soa muito elitista. Considerando isso, é importante observar: Se você está experimentando sintomas de burnout ultimamente, talvez a mentalidade de desistir silenciosamente o ajude a restaurar seu equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Contudo, isso é paliativo, não uma solução permanente. De novo, o sistema é forte. É sempre melhor abordar os sintomas de esgotamento ou insatisfação no trabalho assim que eles aparecerem por meio de uma comunicação clara. O fato é que desistir silenciosamente faz sentido para muitos por não desejar o que as carreiras organizacionais oferecem… por isso, é tão importante que a organização compreenda como ser mais “fit for the future”.

O que lideranças e RHs podem?

A construção de uma cultura pautada pela segurança psicológica é fundamental para que os colaboradores tenham um espaço de troca para discutirem o que está ruim e o que pode ser melhorado. Segurança psicológica são ações com o objetivo de gerar um ambiente de trabalho saudável onde os colaboradores se sentem seguros, confortáveis e confiantes para agir, falarem e serem eles mesmos organicamente. Para isso, o RH e lideranças tem um papel importante neste aspecto e que podem auxiliar na redução dos aspectos da desistência silenciosa. Aqui vão algumas dicas: 1) Escute seu colaborador: seja por meio das pesquisas, e-NPS, avaliação de clima, feedback 1:1. Crie este ambiente seguro para que o seu colaborador possa dizer sobre planos de carreira futuros, discutir sobre lacunas para a atuação, dificuldades que possam sentir no trabalho, atritos… Demonstrar que está genuinamente interessado é importante. 2) Algumas mudanças são estruturais e podem ser mais complicadas de serem reduzidas. Mas é importante compreender os viéses inconscientes existentes no ambiente de trabalho que podem provocar culturas inoportunas: intolerância ao erro, competições para ver quem aparece mais, quem faz mais, quem é mais próximo da liderança, ficar até tarde no trabalho ou trabalhar nos finais de semana sendo valorizados como pessoas mais dedicadas. 3) Construa rituais que auxiliem nos alinhamentos, na compreensão da quantidade de horas para a realização de uma tarefa ou no suporte social para tirar dúvidas sobre a atividade. Crie rituais saudáveis com combinados claros de não ultrapassar os horários. Entender se é desorganização da demanda, dificuldade na tarefa ou excesso de atividades é importante. 4) Relações pautadas no respeito ok? OK!

Para os colaboradores, o que podem fazer ao invés de desistir?

Existem outras maneiras de alcançar um equilíbrio entre vida profissional e pessoal. aqui estão alguns exemplos:

    1. Desenvolva uma rotina diária centrada na produtividade
    2. Afaste-se do trabalho sempre que possível.
    3. Defina limites e combinados claros com sua liderança
    4. Tirar suas férias e folgas remunerada do trabalho
    5. Desative as notificações de trabalho no seu telefone pessoal
    6. Fale com sua liderança se algo estiver incomodando.

Quer se aprofundar, segue algumas outras fontes:

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